Manu Zambon - Hojemais Araçatuba – 21/03/2022
Segundo pesquisa do mestrando Pedro Henrique Petrilli, pessoas com Síndrome de Down podem apresentar periodontite mais agressiva
Nesta segunda-feira (21), é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down. No País, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há 300 mil pessoas que se enquadram nesse perfil. Com o objetivo de lançar luz ao atendimento odontológico voltado para esse público, o mestrando Pedro Henrique Petrilli, 31 anos, da FOA (Faculdade de Odontologia de Araçatuba), da Unesp (Universidade Estadual Paulista), desenvolveu uma pesquisa inédita nessa área.
O estudo “Perfil imunoinflamatório de indivíduos com periodontite com ou sem Síndrome de Down” foi realizado dentro do programa de pós-graduação em odontologia, sob orientação da professora doutora Letícia Helena Theodoro, supervisora do Caoe (Centro de Assistência Odontológica à Pessoa com Deficiência).
O objetivo do trabalho é analisar e comparar respostas imunoinflamatórias em pessoas com a síndrome que possuem periodontite e compará-las com o padrão de pacientes com periodontite, mas sem a síndrome, assim como de pessoas sem a síndrome e sem doença periodontal. Lembrando que a periodontite é uma doença inflamatória crônica, caracterizada pela destruição progressiva do ossos, ligamentos e gengiva, e pode levar ao edentulismo (perda dos dentes).
No total, estudo contou com 45 participantes, entre 19 e 35
anos, divididos em três grupos. A pesquisa teve início no final de 2020 e
contou com a parceria do programa de pós-graduação da Faculdade de Odontologia
da Unicamp. Agora, está em fase de publicação em periódicos especializados.
Pedro Henrique Petrilli em atendimento (Foto: Arquivo pessoal)
De acordo com o pesquisador, o tema foi escolhido por conta da experiência dele nos atendimentos realizados no Caoe, local em que fez estágio desde a graduação. “Tive um contato e percebi o quão desafiador é a área de Pacientes com Necessidades Especiais (a qual chama-se, na odontologia, Opne) e, principalmente, o quão necessitadas de atendimento especializado (como o que o Caoe oferece) essas pessoas são”, afirma.
Resultados
A orientadora explica que num primeiro momento, o estudo avaliou a prevalência e características do tecido gengival e índice de placas dentárias nesses pacientes. A pesquisa foi direcionada para estudar o que acontecia a nível molecular para que as pessoas com a síndrome tivessem uma resposta mais inflamatória. Foi nesse momento que a pesquisa contou com a parceria da Unicamp (Universidade de Campinas), na figura do professor doutor Renato Casarin. A instituição possui o equipamento necessário para a análise das moléculas coletadas dos participantes.
O estudo apontou que as pessoas com Síndrome de Down apresentam grande variabilidade no padrão de resposta imunoinflamatória, exibindo um perfil mais inflamatório em comparação com pessoas com ou sem periodontite, mas sem a síndrome. Ou seja, pacientes com a síndrome podem apresentar periodontite em uma idade mais precoce e de forma mais agressiva, destaca Letícia. Sendo assim, a chance de edentulismo é maior e pode ocorrer em indivíduos mais jovens.
Tratamento
“Isso nos leva a pensar que temos que começar a prevenção o mais rápido possível. Esse paciente, por exemplo, não pode ficar mais de seis meses sem frequentar o cirurgião dentista, para um bom controle de placa. Caso ele não tenha esse controle, somando com uso de medicamentos, outras condições e essa resposta imunológica alterada, a destruição começará mais rápida e de forma mais severa”, detalha a orientadora.
Agora, Petrilli realiza uma nova pesquisa, com foco no tratamento especializado para as doenças periodontais nas pessoas com Síndrome de Down. O objetivo é justamente evitar esse cenário que a professora comentou, diminuindo a possibilidade dessa pessoa sofrer com edentulismo em idade precoce e proporcionando melhor qualidade de vida a ela.
“A importância para a comunidade é, como disse anteriormente, a escassez de atendimentos especializados que estes indivíduos ainda encontram. Portanto, o estudo, além de ajudar a trazer luz ao atendimento odontológico na Síndrome de Down, nos proporciona um melhor entendimento sobre a doença periodontal na Síndrome de Down, possibilitando a formulação de melhores estratégias de tratamento a estas pessoas. A pesquisa deve, sempre, transcender os portões da universidade e chegar a toda sociedade e indivíduo. A pesquisa deve ser difundida e universalizada a fim de atender e beneficiar todos cidadãos”, finaliza Petrilli.
(Foto: Manu Zambon/Hojemais Araçatuba)
Fonte: Hoje Mais